quarta-feira, 5 de setembro de 2012

a nuvem


Apaixonou-se pela nuvem e passou a maior parte da vida inventando um jeito de chegar até ela.

Vestiu-se de palhaço, espantalho, trapezista.

Fantasiou-se de bicho, de poeta e de vento.

Um dia despiu-se de tudo e de tão leve voou.

Tarde demais!

A nuvem, cansada da espera, cumpriu mais um ciclo de dor: encheu-se de coragem e choveu sobre seu amor.

mariza Lourenço

[imagem ©goldenbreeze]

3 comentários:

  1. Que beleza de poema-conto, Mariza! Uma bela pausa para todo o cansaço!

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  2. De tão bom, merece um haicai zarfeguiano:

    U’a nuvem molhada:
    (Perdi o trem o sono o rumo)
    Pegadas na estrada!

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