domingo, 14 de junho de 2015

voar

esvaziou estômago e intestino até cair exausta. precisava de ar. ar e espaço para o coração que se apropriara de seu corpo em pulsação dolorosa. por um triz o músculo traiçoeiro não lhe arrebentara as veias. e sangrar até a morte era uma possibilidade ainda mais estúpida do que servir de carcaça para um coração feroz. portanto, a escolha de fazê-lo parar seria dela.
vomitou novamente. e novamente. e tantas outras até se sentir tão leve como o suicida que, durante a queda, se livra de todos os pesos.

voou

[e o coração ainda batia quando a alma, finalmente, se libertou de seu maior opositor]


mariza Lourenço

[imagem de Marta Syrko]

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